terça-feira, 2 de novembro de 2010

Soltando o verbo.

Depois que a gente tem filhos acho que a nossa responsabilidade aumenta consideravelmente com relação a quem aproximamos ou não de nós, afinal, nunca mais você é um só, passa a ser dois, três, quatro, um número infinito de emoções e razões - mãe.
Justo por pensar assim é que vejo cada vez mais que realmente a proximidade com o Vitor é algo impossível para o meu bem-estar e o da minha Sofia. Preciso pensar como mãe, não mais como a Juliana apenas, pensar que estou colocando um ser no mundo e as pessoas ao meu redor vão influenciar em seu crescimento pessoal.
Sinceramente, não sei como serão os próximos anos com relação a ele, a família dele, não sei mesmo! Ele está em um momento de total desequilíbrio, aliás, assim eu prefiro dizer de forma até covarde da minha parte - porque ele SEMPRE foi assim, desde o começo, desequilibrado e na verdade os momentos bons eram os lapsos e não os maus momentos.
Um pai que consegue desejar mal a mãe do filho, desejar tantas coisas terríveis, um pai que consegue pronunciar as coisas que ele pronuncia ( prefiro não comentar), sinceramente, não tem porquê participar da educação da minha filha! E isso não me dá um ar de '' ai que duro será criá-la sem a presença dele'', pelo contrário, eu preciso soltar o verbo: Me dá alívio!
Dentro dos meus conceitos religiosos, entendo que a vinda da Sofia era realmente para acontecer. Não conto um segundo com fatores biológicos, pois tenho os meus conceitos e creio neles. Quando Deus quer, acontece. E por esses meses todos, eu conheci esse lado do Vitor o tempo inteiro! Xingamentos terríveis, ameaças, a última inclusive é de que vai sumir - Eu poderia levantar a plaquinha do '' eu já sabia'' ?
Lembro da única pergunta do meu pai com relação a ele - ''Juliana, onde vc achou que seria diferente?'' Realmente, onde? Não sei o que me envolveu esse tempo todo, talvez o momento sensível da gestação, porque por muitas vezes eu não fui sincera comigo mesma. Eu dizia coisas contra a minha vontade, agia contra a minha vontade e mais, acabava por sofrer e no final sempre me perguntando o porquê de estar passando por tudo isso.
Essa pergunta não fica mais em minha cabeça, muito menos no meu coração. Tive pessoas muito especiais que passaram em minha vida, namoro longo, por algum tempo a gente até se questiona - ''ué, foram tantos anos e não resultou em filho??? e um tão curto???'' Esses questionamentos não fazem mais parte do meu dia, estou muito feliz mesmo com a chegada da Sofia e pra mim é isso o que importa.
Eu não quero mais a presença do Vitor na minha vida e isso não me dói dizer. Tenho a minha consciência muito limpa de tudo que fiz e de tudo que permiti passar nessa relação doente, pois a mente dele é doente, diferente da minha, a minha é limpa de qualquer vício, é clara, é alegre, é de muitos amigos, casa cheia, praia, vida pra cima, vida feliz.
Em algum momento nos esbarramos, precisamos viver tudo isso e meu maior presente, ele me deu, aliás, Deus deu a permissão para que tívessemos a Sofia. E por Ele e por ela, eu preciso honrar o presente que me foi dado.
Realmente a presença deles nos nossos dias é algo impossível, consegui idealizar isso por algum tempo, imaginar que ele mudaria da água para o vinho e já deu tempo suficiente para que ele tivesse tido outra postura bem diferente da que ele teve a minha gestação inteira.
Não posso e não vou andar com medo nas ruas, me sentindo ameaçada por ele, não posso e não vou! Traumas assim, acabam se tornando difíceis de serem superados, ainda mais quando se é uma gestante, por isso optei pela vida, pelos dias ensolarados e deixo para trás, um quarto onde passei dez meses trancada, dando apoio, força, sem reclamar, sem fazer um passeio, nada, deixo para trás um mente adoecida, ciumenta, onde amizade não existe, privacidade muito menos, deixo para trás uma história que eu construí com um personagem que não existe, eu criei - é, acontece.
O amor que ele dizia ter, a vontade de construír um lar, de ver a Sofia crescer, de trabalhar, ih, promessas deixadas para trás, quem ama, seja lá que tipo de amor, de amigo, de pai, de mãe, amor de amor, amor de fé, amor de qualquer tipo, não faz o que ele fez comigo por inúmeras vezes e o meu amor de sei lá o que foi capaz de perdoar por todas às vezes, mas a minha hora nessa história já deu!
Pela Sofia, pela honra que recebi de Deus, pelo respeito e amor aos meus pais que estão ao meu lado para tudo, pelo exemplo de irmã mais velha para as minhas irmãs, pelo respeito à sabedoria idosa dos meus avós, pela devoção aos meus fiéis amigos( eu disse, aos fiéis), é que realmente não vou seguir mais com essa mentira.
Seremos eu e Sofia, Sofia e o mundo, Juliana e uma vida inteira pela frente.


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