Tem uma vizinha minha que está passando um situação cabeluda, de deixar a cabeça virada mesmo, os pés fora do chão e imensa vontade de que tudo o que ela está vivendo passe. Sabe aquela história que TODO MUNDO tem uma amiga, uma vizinha...
Então, a minha vizinha decidiu seguir carreira solo de mãe, pois é. Ela descobriu TANTA MENTIRA, TANTAS INVERDADES, aliás, descobrir não é bem a palavra a ser usada, ela apenas resolveu tirar a venda dos olhos, sabe como é né? Às vezes a gente coloca uma venda, finge que é cegueta, normal, a minha vizinha não é a única no mundo a fazer isso né?
Ela sempre foi verdadeira com o cara lá, sempre. E ele sempre muito desconfiado, possessivo, se pudesse a colocar em uma redoma a colocava, sempre evitando aparições em público, a fazendo pensar que de repente ela teria 3 olhos, 4 bocas e 5 pernas, e vai ver que nunca tinha percebido ao se olhar no espelho. Ela me contou que na realidade sempre soube com quem estava lidando, mas um sentimento nobre, chamado AMOR, a fazia sempre dar uma, duas, três, chances, aturar ofensas graves, uma dose de apego, afinal de contas, eles tem um filho juntos. Chato, não?
Essa minha vizinha abdicou de muitas coisas e pessoas, e principalmente, abdicou da sua paz. Pelo o que ela me contava ela ouvia bastante coisas tristes, terríveis, passava por algumas situações totalmente desagradáveis e acabou mergulhando em um nível muito obscuro, o mesmo nível que o tal cara se encontrava.
Ela já não se sentia mais segura de si, se achava feia, insegura, já estava praticamente perdendo a sua identidade, coisa que já fica modificada após a maternidade. Era dureza tudo o que ela passava e segundo ela, dureza era ser forte para tomar sua decisão, seguir a diante e não voltar atrás, afinal de contas, eu que a conheço bem, posso dizer, ela sempre foi animada, alegre, segura de si, cheia de pessoas ao redor, sempre viveu de coisas saudáveis, cheia de planos, mesmo após a gravidez surpresa, se sentiu mais madura, aos poucos se acostuamando com a idéia de ser mãe, agora mais do que nunca, ADULTA, e não merecia alguém que a desequilibrasse, tirasse seu sossego, a sua paz, ela não merecia sentir medo, receio, ela merecia ser feliz.
Daí, segundo ela, hoje foi o dia que ela decidiu tirar de fato as vendas dos olhos! Ela me contou que ele arrumou um emprego, uma oportunidade MARAVILHOSO, com um salário MARAVILHOSO, com benefícios MARAVILHOSOS, e ela, feliz da vida, torcendo, apoiando, ajudando, se doando como sempre fez, advinha? Com dois dias de treinamento, sem ao menos exercer a função, ele largou a oportunidade. Disse que não era para ele, sendo que eles tem um filho a sustentar, a seguir seus exemplos e ai?
Coitada. Ela me disse que estava decepcionada demais! Ele ainda se sentiu no direito de ofendê-la, de machucá-la, de como sempre fez, fazer com que ela se sentisse mal, culpada, com que ela se sentisse dependente daquele amor doentio, de posse, de controle. E ai ela resolvou tirar a venda dos olhos e assumir a si mesma, que por mais que doa MUITO, afinal de contas, o amor não é RACIONAL, ela decidiu assumir sim que foi traída, inclusive pasmem - até rolou uma situação com uma prima dela, acreditam? Pois é!Ela decidiu optar pela felicidade plena, ela e seu filho, seu filho e ela, esse sim é um amor puro, esse é de verdade. Aquele amor é doença, é querer esmagar. Ele queria que ela vivesse em uma bolha, ali, prontinha para quando ele quisesse, do contrário, ele continuaria pela rua, fazendo, fazendo, fazendo...
Eu disse a ela que ter sido traída, seja lá quantas vezes tenham acontecido, não era vergonha, vergonha era ela permanecer nisso tudo, ainda mais misturando a sua filha. A verdade toda é que eles estão misturados eternamente, mas acho de coração, que ela merece mais, merece mais que um AMOR, amor é fácil, amar é fácil, acabar com o amor também, acho que ela merece paz, sossego, tranquilidade, RESPEITO, dias alegres, semanas felizes, conquistas, acho que ela merece mesmo!
E ai eu perguntei a ela o que ela gostaria de dizer ao seu filho, caso ele pudesse entender no momento o que se passava e ela me disse o seguinte:
'' Que um dia você seja capaz de entender o quanto essa mãe aqui precisou crescer e se doar para que tudo desse certo. Mas que você entenda que nem tudo é da forma que a gente quer, que nem todos os amores são possíveis, mas que você entenda, que eu tentei, tentei de todas as maneiras possíveis, prováveis, improváveis e impossíveis.
A mamãe tentou por achar que era justo te dar uma família composta pelos seus pais, que seria justo viver aquele conto de fadas que eu idealizava, mas que na realidade era tudo diferente.
Seu pai pode ter me amado sim, mas seu pai levou embora com ele muita coisa de mim. Ele queria que eu fosse quem eu não sou e nunca serei. A mamãe é outra, está tentando juntar todos esses cacos dos últimos tempos e reuní-los para te criar da melhor forma possível. A mamãe acreditou até o fim que seria possível a mudança do seu pai, eu fui fiél o tempo inteiro, fiél aos meus sentimentos, fiél a sua chegada, fiél ao que sonhei para mim e mesmo tendo saído diferente, eu fui fiél aos meus ideais.
Quando você crescer e me questionar por tudo isso que vivi, eu serei extremamente sincera contigo e jamais esconderei toda a verdade. Acredite, a mamãe amou seu pai de verdade, acho que amou tanto, ao ponto de esquecer de se amar.
E fica aqui um conselho e o que vou te ensinar o resto de nossas vidas: Se ame, se ame muito, antes de amar qualquer pessoa.
Te amo infinitamente e obrigada por ter me escolhido, SOFIA.'
Afinal de contas, todo mundo tem uma vizinha, uma amiga...
Uma nova vida começa.
Amei esse post. Não só pelo conteudo, que eu aplaudo a decisão da 'sua vizinha', mas pela maneira inteligente que foi escrito.
ResponderExcluirParabéns pela situação.
O que você relatou me lembrou um livro que li a pouco tempo. Depois passo pra você.
Todas temos "uma vizinha"..
ResponderExcluir...mas, lembre-se que "viznhas" tem "vizinhas" que nuncam a deixarão sozinhas! Adorei a coragem dela e finalmente a decisão..
Bjss!