Eu sei que havia prometido que o 'despedida.' seria meu último post antes de privatizar, mas estou com preguiça de reunir os e-mails e com necessidade de postar o quanto antes sobre o assunto escolhido.
Desde o momento em que descobri a gravidez, sair de casa não foi prioridade em ocasião alguma, motivo inclusive, pelo qual eu e o pai da Sofia discutimos várias e várias vezes. Eu procurei manter meus pés no chão, não pensar que seria a melhor saída arrumar minhas malinhas, ir de encontro a todos os meus familiares e viver de amor, comer amor, vestir amor e criar a Sofia apenas com amor.
Por várias vezes o Vitor me criticou, se desesperou, duvidou e principalmente, cansou de se espantar com a minha ''frieza'' com relação ao fato de sair de casa GRÁVIDA, DESEMPREGADA e ele IDEM. Pois é, foi assim durante toda a gravidez.
Meu quarto virou NOSSO quarto, de verde limão, foi ao lilás, de uma cama, chegou um bercinho, cadeira de amamentar e tudo certo, acordamos que eu iria para a casa dele alguns dias, quer dizer, eu acordei, ele não, mas de qualquer forma, ele não tinha muito o que fazer, a não ser concordar, diante da situação toda.
Hoje a Sofia está indo rumo aos 4 meses de sua vida e me lembro perfeitamente a voz do meu pai, na maternidade, passeando comigo pelos corredores de braços dados dizendo: '' Está aí, Deus te deu, limpinha, prontinha, crua, pra você fazer dela o que quiser'' e juro que na hora não tive o menor alcance do que ele dizia, mas hoje, estou começando a entender.
Mais do que nunca sinto plena necessidade do MEU espaço, da MINHA rotina, do MEU modo, ao MEU jeito, a MINHA criação, os MEUS exemplos, sem julgar de forma alguma melhores ou piores, apenas a singularidade do EU, MEU, MINHA, minha Sofia.
Confesso que cansei um pouco de achar que deveria carregar os 359.876 ''problemas'' daqui de casa, cansei de achar que EU, poderia resolvê-los, como ir a escola da Ingrid, conversar com o diretor, procurar em diversos clubes por aqui, um esporte para que ela se sociabilize, quem sabe passe a ter amigos, confesso que cansei de sugerir que todas nós aqui precisamos de uma terapia, um esporte, uma atividade onde cada uma tenha seu tempo para refresco.
Cansei. Cansei de ser MAIS irmã que os outros dois da Ingrid, afinal, sou a irmã de todos os dias, não sou irmã apenas de Páscoa, níver e Natal, sou a irmã diária, a chata, implicante, irritante, e agora, além de tudo isso, sou MÃE e a convivência está INSUPORTÁVEL.
Fico extremamente receiosa que tipo de adolescente a Ingrid será e no que a Sofia se espelhará. Ok. Nem sempre dei os melhores exemplos, nem sempre guardei para mim frases que não precisavam ser ditas, valendo lembrar que eu me encontro na mesma posição que ela - FILHA, já a Sofia não, é a MINHA filha, a neta, a sobrinha, aí a coisa muda de figura completamente.
A falta de educação, de cuidado, a gula, a ansiedade, os escandalos, palavrões, gritaria, tudo isso na cabeça 24hrs ao dia não é mole não, e ainda me sentia até então na obrigação de vivenciar tudo isso ali, todo dia, dia todo, todo, todo, mas estou começando a perceber o que meu pai disse - está aqui, crua, prontinha, papai do céu me deu e mais do que nunca, preciso do meu espaço para fazer do meu jeito.
É inegável que a maior ajuda que recebo, apoio, carinho diário, mesmo com toda essa confusão é aqui, quando a corda aperta, elas estão aqui de imediato, mas não vou me referir a obrigação, é o que chamamos de família, não??? Serei eternamente grata por todo esse apoio e não vejo com ingratidão querer ter o meu espaço.
Não aguento mais conviver com a Ingrid pré adolescente, morro de saudades da irmã gostosa, gorducha que ela foi atééé, hoje, aos 12, praticamente 13, ela se comporta com uma bebê de 3, afinal, ela é vista assim não só pelo pai e pela minha mãe, mas como pelos colegas, pelos vizinhos, uma criança sem limites - 13 anos, criança? Não mais, e sim uma pré adolescente, rumo a uma fase complicada, mas deliciosa de se viver.
Ontem, se eu estivesse passando pela calçada de uma casa qualquer e ouvisse o escândalo que ela estava fazendo eu juro que pensaria que estavam fazendo algo muito grave contra aquela pessoa, que gritava, urruva, chorava, desesperadamente, um choro de raiva, descontrolado, simplesmente, pelo fato do seu celular novo, ter caído no chão em meio a uma malcriação a minha mãe e ter lanhado um pedacinho do visor.
Como se não bastasse todo esse escândalo com a Sofia mamando, que a cada grito, dava um pulo, ainda essa mesma pré me entra no quarto, onde a Sofia está naquele momento zen, mãos para o alto da cabeça, chupetinha, quase dormindo e continua os seus gritos e berros, a assustando mais uma vez.
É, conheci o tal do instinto materno. Não pensei nem 1 vez sequer, já levantei empurrando ela e me descontrolei totalmente. Isso é vida? É só uma passagem de muitas outras que já presenciei. Não me esqueço de quando estava grávida, em meio a uma discussão idiota durante o almoço entre irmãs, ela vira e diz: ' ainda bem que não fui eu que engravidei de um cara que não tem onde cair morto' É. Aos 12 anos, totalmente sem freio e sinceramente, não sou eu quem vou freiá-la.
Ela é uma menina boa, carinhosa, em todas as fotos da maternidade tem a mão dela ali, ou na Sofia, ou em mim, tenho plena certeza que nos amamos e muito, mas a convivência está cada vez mais impossível e dolorosa.
Sinto muito por isso, mas sinto também que a minha hora está chegando. A minha missão tem outro nome e se chama SOFIA.
Beijos,
Mamãe.
Ai Juliana, toda família tem seus defeitos. Por mais que as pessoas tentem passar uma imagem de familia perfeita, ocorrem coisas de todo tipo.
ResponderExcluirEu, também, no seu lugar começaria a pensar num cantinho só meu. Não é fácil, você precisará muito da ajuda da sua mãe e irmã, mas é outra coisa. Eu te digo isso, porque a rotina da Ana só funciona na nossa casa. A minha mãe e irmãos me ajudam pacas, mas aqui é complicado de se estar com ela. Muita gritaria, latido de cachorros. E cansei de fazer o que você fez com sua irmã, de sair rebocando gente do quarto porque a Ana estava dormindo.
No que precisar de ajuda e força, pode contar comigo.
Ah, o que seu pai falou pra você foi muito profundo. Eu não tinha parado pra pensar nisso, apesar de saber que é assim. Recebemos nossos filhos prontinhos, limpinhos para fazermos o que quisermos. Haja responsabilidade.
Oi Juliana, vc já parou pra pensar que ela pode estar com ciúmes da Sofia? Apesar de já ser pre adolescente até pouco tempo ela era a "pequenininha" da casa não é mesmo?!Tenha um pouco de paciência, essa fase é complicada mesmo, mas acho que o problema é que toda a atenão está voltada pra Sofia, principalmente a sua né!
ResponderExcluirbjos
Entendo perfeitamente o que você está passando porque vivo isso, tanto na minha casa quanto na casa do meu namorado. Na minha casa ainda é mais tranquilo porque os meus dois irmãos são pequenininhos e fofinhos e tudo o mais... mas na casa do Lucas pesa, porque a irmã dele tem 9 anos, e é MUUUUITO do nipe da sua irmã! Aiai.. não vemos a hora de ter o nosso cantinho, só falta grana mesmo, porque não temos nenhuma!
ResponderExcluirEspero que as coisas se resolvam, pra mim e pra você! Beijo!
Ju tenha fé que tudo vai melhorar e logo logo vc terá seu cantinho...já tentou conversar com sua irmã depois de suas crises e explicar que a Sophia não pode ficar em meio aos gritos dela? Tipo uma conversa de paz....com voz suave sem fazer combranças, etc?
ResponderExcluirbjs
obs: amei a foto..emocionante!