O meu limite chegou.

Eu estou sem palavras para escrever aqui o que tenho sentido nesses últimos dias dentro de casa. Não faço idéia para onde correr, com quem conversar, eu juro que estou no meu limite já, eu não aguento mais. Dá um nó na garganta só de pensar em tudo o que eu tenho que ouvir, parece que a minha mãe escolheu os meus últimos dias para infernizar os meus ouvidos e pela a minha filha, eu juro, estou no meu LIMITE.

Me controlo o tempo inteiro para não causar mau estar a ela, não quero que ela venha antes da hora, estou tentando ajeitar tudo da melhor maneira, o tempo inteiro faço tudo para deixar todos de maneira confortável, pensei em tudo que devo deixar pronto em casa, para evitar um possível stress maior depois que a Sofia chegar, mas realmente compreensão é algo que não existe aqui dentro, isso ficou perdido há muito tempo lá trás.

Meu pai mandou um ar condicionado que era da minha irmã, até então já tiveram verões da gente não ter NEM ventilador. Colocamos o ar por enquanto no quarto da minha mãe, pois eu estou dormindo lá, Ingrid nunca deixou de dormir, então, mais prático, até o meu quarto está todo arrumadinho.

Só que nesses dias de MUITO calor, o ar resolveu não gelar o suficiente para que a gente se sentisse bem ao dormir e ai começou a encheção toda noite da minha mãe, dizendo que estava se sentindo sufocada, desliga isso, abre a janela, enfim, mesmo gelando pouco, estava mais fresco do que se ficássemos sem ar nenhum. ´

Daí nessa noite, em meio a essa confusão toda em plena hora de dormir eu disse: '' O ar não veio por causa de vc, nem da Ingrid, nem de mim. Veio por causa da Sofia, já que vcs não estão confortáveis dormindo com ele, amanhã a gente passa para o meu quarto, eu durmo lá e vcs aqui, normal, simples.'' E complementei: '' E outra, depois que a Sofia chegar, não quero essa confusão no quarto não, não vai ser bom nem pra ela, nem pra mim. ''

E ai eu deveria muito ter ficado calada se eu soubesse o que eu ía ouvir, pena, muita pena mesmo que eu não sabia. Minha mãe virou-se e disse: '' Ah, pára com essa palhaçada. Não vai mudar os hábitos de ninguém por causa disso não. Palhaçada! NÃO SABE NEM QUANTO TEMPO VAI DURAR pra já estar querendo afastar. '' Pasmem. E a Ingrid, aos 12 anos, complementou: '' Nossa, a bebê mal nasceu, já está dizendo em morrer. ''

Estou a mais ou menos 10 dias de ver a minha filha, por tudo que é mais sagrado, eu mal consegui falar depois disso. Que infelicidade, meu coração apertou tanto na hora, tanto, tanto, que mal consegui dormir e fiquei pensando em tantas coisas...

Quando eu tinha a idade da Ingrid, eu não tinha opção aos 12 anos, até tinha, viver com o meu pai, ou com os meus avós, mas eu queria estar pertinho da minha mãe e por isso, fui obrigada a presenciar coisas HORRÌVEIS; o pai da Ingrid agredia todos os dias a minha mãe, inclusive quando ela chegou do hospital com a Ingrid nos braços, nunca mais consegui esquecer as coisas que eu vi e isso tudo ficou na minha cabeça nessa noite, pensando o porquê que eu tive que ouvir um comentário tão infeliz que me feriu MUITO.

Como sempre, a minha mãe não pensa antes de falar. Hoje pela manhã puxou vários assuntos, só que eu mal conseguia olhar para ela. Até que como sempre também, ela me pediu desculpas, disse que falou sem pensar. Pedi a ela que não falasse mais nada, porque eu não queria falar sobre isso. Ela foi incapaz de como mãe tentar fazer diminuir a dor que eu estou sentindo não só por esse comentário, como por tantos outros o tempo INTEIRO.

Hoje eu havia marcado uma visita na Perinatal e como temos tantas coisas a fazer que exigem dinheiro, eu pensei: vou pedir ao pai do Vitor pra me levar, pois daí já sobra mais 60$ que vamos economizar de táxi ida e volta do Méier a Barra da Tijuca. Era apenas uma visita rápida de 20 minutos e hoje marcamos com o pintor para ele terminar as portas.

Mais um motivo suficiente para ela vomitar mais um comentário: '' Na melhor parte ficarei de fora? Então, procure outra pessoa para cuidar de você, eu estou fora. '' E fora, as ameaças que ela faz o tempo INTEIRO através da Ingrid, que não só pela idade, mas por temperamento adora contribuír com tudo isso.

Na minha mente pensei o seguinte: '' Enquanto eu vou fazer a visita, ela ajeita o que resta em casa. Eu vou segura, vou com os pais do Vitor e ele, sem problemas. Até porque como colocaríamos, eu GRÁVIDA, ela, Ingrid, Vitor, pai e mãe em um carro só??? '' Só que mais uma vez, eu pensei errado. E para não complicar mais ainda as coisas com o lado de lá, eu disse que alguém havia me ligado, desmarcado a visita, pronto - assim ninguém se fere com tamanho absurdo, não é mesmo??? Na realidade, sem pensar no quanto EU estou ferida.

Olha, eu vou dizer uma coisa...Vira e mexe sou meio ríspida, meio mau humorada, mas eu sou muito tranquila. Gosto de ver todo mundo bem, me preocupo o tempo INTEIRO com elas, como vamos fazer, o que vai faltar, o que poderíamos fazer e sinceramente? Meu limite chegou, está doendo MUITO o que eu ouvi ontem, impulsividade tem LIMITE, a gente tem que saber o que diz, as palavras são AÇÕES - acreditem. Ações que resultam em outras ações, em consequências e ali, naquele momento, que eu mal consegui retrucar um comentário baixo como esse, morreu alguma coisa, não sei se consigo expressar em palavras, senti meu coração apertar e ficar duro como um pedra.

Por essas e outras, também decidi algo que está me doendo muito, não fazer o resguardo messiânico. Como?! O que mais eu vou ouvir pela frente??? São praticamente 15 dias deitada, só amamentando, e o resto? Realmente, sei lá  quanto tempo a minha filha vai durar, não é isso? Eu preciso estar ali, ao lado, fazendo, agindo, não dá pra ficar deitada 15 dias! Afinal, são 15 DIAS! E isso tá me machucando muito, mas eu vou até a Igreja, conversar com Deus, com o nosso líder espiritual e explicar todos os meus motivos, pois não vou me sentir segura para ficar ''longe'' da Sofia por esse tempo.

Eu cansei, cansei, cheguei ao meu limite. A vinda da minha filha foi uma surpresa, passei por vários momentos que precisei envolver meus pais, que precisei de ajuda e eu tive, claro, mas ficar 24 hrs sendo massacrada, ouvindo o tempo todo comentários, dúvidas, meu Deus, me ajuda a passar por isso da melhor forma possível, por favor! Me ajuda a ser forte para aguentar tudo o que vêm pela frente, ser mãe de verdade, ser forte.

Eu não queria um post dramático desse jeito, me perdoa filha se essa parte aconteceu, mas agora não tem ninguém para conversar, alguém que eu possa falar abertamente, sem amanhã ser julgada ou ter que ouvir um comentário como esse. Por incrível que pareça, absurdo ou não, esse blog me ajuda bastante.

Te amo mais que tudo nessa vida Sofia, desculpa estar chorando tão perto do dia de você nascer, desculpa, enquanto que em meu rosto só deveria ser sorrisos, mas você sabe o quanto eu sou e serei eternamente feliz por você ter me escolhido como sua mãe. Seremos feliz filha, eu PROMETO.