quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

traumas da infância

Hoje eu fiquei um pouco chateada, mas antes de contar o motivo, eu quero contar do meu momento divã com a minha mãe mais cedo. Eu estava deitada no quarto dela, ela mexendo no armário e achou um pedaço de pano roxo que ela havia comprado quando eu tinha por volta dos meus 6, 7 anos, para uma fantasia de dia das bruxas.
Engraçado que lembro-me perfeitamente de algumas situações e o dia da tal fantasia foi um deles. Por algum motivo que até hoje eu não sei, nem ela soube explicar, ela não deixou eu usar ROXO ( ela tem essas coisas até hoje) e lembro que por algum outro motivo, eu prontinha para ir para a tal festa, ela se aborreceu, amassou todo o meu chapéu de bruxa. Lembro que fiquei passada com tal atitude e hoje relembrando isso com ela, percebi que ela ficou meio sem graça, pensativa e disse: ''ah, vc deve ter feito alguma coisa para eu ter tomado essa atitude!'' NORMAL - como as mamães blogueiras adoram mencionar - culpa materna.
Daí aproveitei o momento divã e comecei a lembrar de pequenos trauminhas infantis que marcam, como por exemplo o dia em que ela me marcou com uma escova; sabe aquelas escovas antigas, cabo de madeira, aqueles fios grossos pretos? Pois é. Ela começou dizendo que me bateu com a escova porque eu insistia em querer pentear meus cabelos com ela e ela temia que o pior acontecesse: Que eu enrolasse ela te tal forma que criasse um nó giga e teríamos que cortar a carapinha.
Pois é, ela disse que falou uma, duas, três, quatro e na quinta resolveu me bater com aquela escova e lembro até hoje que como os fios eram grossos, fiquei com a marca, com inúmeros pontinhos, tipo umas feridinhas no braço. Lembro que meus avós e meu pai queriam enforcá-la viva =D
Daí decidi que estava bom de tortura com a minha mãe e resolvi contar três traumas com relação ao meu pai. O primeiro deles foi quando lá pelos meus 15 anos, eu fui até uma lojinha que vendia Melissas e no ato da compra a gente preenchia um formuláriozinho, com peso, altura, essas coisas.
Uma bela tarde, depois do colégio, essa época eu morava com ele, o telefone tocou e era a mulher da loja me convidando para desfilar pela loja em um shopping da Barra. Bem, estava no AUGE da minha adolescência, um PALITO em pessoa e ser chamada para um desfile óóó, me achei, né? Mamãe apoiou, achou o máximo, meu pai? '' Juliana, isso não é futuro para ninguém. Tenho que desligar, estou em reunião. tu tu tu ''
O segundo deles eu já tinha lá pelos 16, 17 anos, quando resolvi achar que era surfista, já contei aqui sobre essa fase da vida. Além de andar cheia de côcos pendurados nas orelhas ( coisa que gosto até hoje, confesso!), pulseirinhas pelo pé, eu queria porque queria uma prancha. Foi aí que convenci meu avô, depois de muita encheção de saco que ele me desse uma da Natal, cheguei a ver preço, desenho, liguei pro shaper, ficava lá na praia da Macumba e meu pai mais uma vez...'' Juliana, isso não é futuro para ninguém. '' Chato ele, né?
E o maior deles...esse comoveu a minha mãe de verdade! Nessa mesma época do surf, eu estudava no Pentágono, um colégio classe média alta, quem não tinha uma condição realmente boa, não estudava lá, colégio caro, exigia demais do bolso dos responsáveis e por lá modas eram lançadas como em todo e qualquer colégio, só que a moda de lá, era sempre a mais cara.
E a moda era a mochila da Mary Jane, umas mochilas meio sacão, coloridas, que além de ser do surf ''uhul'', era do skate, era assim, de gente descolada! Levei meu pai até a loja, na época Team Sabotage, mostrei a mochila, lembro que fiz A propaganda dela, do tipo, olha, ela é grande! Cabe tudo! Olha que legal! E ele se negou a comprar a mochila para mim, dizendo que o preço não valia o produto ( que excesso de racionalismo).
Passou-se um tempo ele foi a trabalho ao Canadá e resolveu trazer uma mochila para eu começar o ano na escola, essa mochila eu uso até hoje para ACAMPAR, VIAJAR. Imaginaram o TAMANHO dela? Pois é, é daquelas mochilas imensas, cheia de trava, aperta aqui, solta ali, cansei de usar para viajar, JURO.
Depois que relatei esses fatos a minha mãe, achando graça lógico, lembrei da pequena que está aqui na minha barriga e percebi o quanto é complicado educar, formar, dar valores, é realmente MUITO difícil.
Uma coisa é certa: Não quero que Sofia me respeite pela força e sim pelo o meu olhar. Talvez eu não consiga isso o tempo inteiro, mas pretendo me esforçar, pois não concordo com a palmadinha, eu apanhei da minha mãe atééé e do meu pai, uma única vez, depois de burra velha merecidamente - sinceridade? Não achei legal não, portanto, não gostaria de repetir.
Outra coisa que fiquei pensativa foi o fato de até onde vc deve negar um pedido, mesmo que seja para fins materiais, até onde vc vai estar agindo de forma certa, sem causar futuros danos?! Como se ensina o que são valores? Não falo sobre valores $$$ apenas, mas valores de valores, entendem?!
Ok, não precisei de tratamento por ter levado um bufetão com uma escova, muito menos porque fiquei sem a mochila da Mary Jane, mas foram fatos marcantes na minha infância e adolescência, que hoje me fazem reavaliar a atitude dos meus pais e pensar se eu faria da mesma forma com a minha filha.
Difícil não??? Papai do céu, manda uma luzzzz nessas horas, please!
Agora o motivo da minha chateação...
Peguei a árvore para montar com a Ingrid hoje, mas não sei se é realmente o ciúme que ela está sentindo, sei lá, estou precisando do MEU ar, do MEU espaço e é impressionante, a minha mãe acha que isso é ingratidão, gente!!!
Aqui as coisas são meio complicadas, a Ingrid vêm de uma outra criação, somos filhas da mesma mãe, mas de diferentes pais e estruturas familiares. Eu sempre fui uma filha presente, preocupada e isso anda me consumindo na altura do campeonato, acho que de alguma forma eu acabo depositando as MINHAS expectativas para o meu futuro lar, para a minha futura vida, pra dentro de casa e isso resulta em uma experiência meio frustrante.
Cada vez mais sinto essa necessidade do meu espaço, de ser mais Juliana, agora Juliana MÃE, do que Juliana filha e irmã preocupada o tempo inteiro. Isso realmente me consome, me chateia e não há nada que eu possa fazer a não ser esperar.
Tenho mil planos para 2011, espero que eu consiga realizá-los de forma integral, uma vez que nos anos anteriores passei num oba oba tremendo e agora que tenho uma responsabilidade por toda a vida, quero muito me dedicar a Sofia, quero viver intensamente esse momento, mas sem deixar de pensar no dia de amanhã.
A frase é uma: Ou eu refasso a minha vida o quanto antes ou a cada final de ano, os planos vão continuar sendo apenas planos.
Beijos.

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