sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Paternidade, eu, Sofia e nós três.

Tem mais ou menos uns dias que ensaiei um post sobre um assunto que está constantemente na minha cabeça, desde que as coisas tomaram o rumo que tomaram com relação ao pai da Sofia.
Como metódica excessiva que sou, vou recomeçá-lo, acho inclusive que hoje as minhas idéias estão melhores até para serem transformadas em letras.
Então, vamos lá - a PATERNIDADE, eu e a Sofia.

Começava o post me perguntando até aonde iria o meu direito como mãe de impedir a presença de um pai na vida da minha filha.
Decisão difícil, não? Difícil por inúmeros motivos que vou tentar resumir em:
  • A aceitação da paternidade
  • O apoio oferecido à futura mamãe
  • As questões familiares, tanto da família paterna, quanto da família materna
  • O verdadeiro desejo de ser PAI, com todas as três letras: P-A-I

Trazendo para a minha realidade, o Vitor desde o dia em que soube que seria PAI, super curtiu a idéia, tive um certo apoio, ainda que não total, pelas próprias condições emocionais dele, pessoais dele, posso dizer que isso foi menos uma preocupação. A exemplo de muitas mamães que ao dar a notícia, simplesmente ouvem - '' Não estou preparado para isso'', no meu caso foi diferente.
Porém, conforme relatei em alguns posts, nosso relacionamento nunca foi um mar de rosas, foi repleto de tempestades, causadas por ele e hoje, assumidas, que resultaram na situação triste e dolorosa que estamos vivendo atualmente - eu e Sofia de um lado, ele completamente do outro lado.
Bem, aonde entra o meu direito de impedir a paternidade dele? É o seguinte: É um direito exclusivo dele, por mais que eu evite o registro na certidão de nascimento, basta ele recorrer a uma ação de reconhecimento de paternidade, assim serei obrigada judicialmente a fazer um teste de DNA e ainda passar alguns meses com a certidão da Sofia, o campo da filiação apenas com o meu nome.
Será melhor evitar todo esse transtorno e simplesmente avisá-lo do dia mais esperado das nossas vidas? Ou eu, como mãe, posso simplesmente não avisar absolutamente nada e amanhã mais tarde ter que responder inúmeros questionamentos da minha filha e mais, sem mentir - pais são formadores, mentira realmente não cola.
Até que ponto eu posso ir adiante com a idéia de excluí-lo das nossas vidas, uma vez que até espiritualmente, estamos ligados por uma eternidade? Será que eu tenho o dom de prever que as atitudes dele serão as mesmas pelos seguintes anos, apesar de terem sido inúmeras as chances que lhe dei? Quem sou eu para prever?
Acredito que quanto mais harmoniosa for a relação entre pais separados, mais feliz um filho é. Filho é fruto de mãe e pai; e frase feita do tipo: '' a mãe supre tudo'', '' mãe é uma só, pai é qualquer um'', sinceramente, não cola na minha cabeça, muito menos no meu coração.
Sofia tem pai, eu sei quem é, e ela merece saber também. Daí a relação que eles terão e ainda assim, tenho que dizer NÓS teremos, fica para um futuro. Hoje, optei por me afastar para ter um final de gravidez em paz, mesmo que eu esteja sofrendo diariamente com os meus medos e questionamentos, estou muito segura do que fiz e não volto atrás.
Bastante choro, perdão, desespero e uma única súplica o tempo inteiro - ''deixa eu ser pai'', ''me avisa do dia do nascimento da minha filha'', '' é a única filha que vou ter'', '' eu estou pagando todos os dias a M que fiz'', '' que saudade da minha barriga'' e por aí vai.
Sinceramente, me comove muito pouco quanto a mim Juliana, como mulher. A mamãe Juliana, fica um tanto quanto ressentida, medrosa e sem querer acreditar em qualquer uma dessas palavras, porém, janeiro está chegando e a decisão cabe a mim, a Sofia é uma decisão minha.
Eu tenho dois caminhos a serem escolhidos: Um deles é negar esse direito ao Vitor, até o momento em que ele decidir correr atrás disso, pois é um direito dele assegurado pela justiça, não cabe a mim decidir se ele pode ou não pode, ele PODE, é direito dele. E agindo assim, lá na frente enfrentaremos mais alguns transtornos, mas ainda assim, ganho tempo, em termos de que ele se equilibre na vida para finalmente conseguir ser pai, como ele diz ser sua vontade desde o começo. Ou um caminho número dois, aviso a ele do dia do nascimento da Sofia, deixo ele participar desse momento inesquecível, fazemos o registro e teremos a figura dele presente em nossas vidas de alguma forma.
É, é uma escolha difícil, mas que cabe a mim. Preciso colocar os meus pais no lugar deles, por mais que eles estejam envolvidos até a alma deles, mas a Sofia é filha de Juliana e Vitor e não dos avós, portanto, preciso realmente decidir um futuro da Sofia com relação a paternidade.
O meu real desejo, é que o Vitor consiga usar tudo isso para realmente dar um giro de 360 graus em sua vida, pois nascemos para sermos felizes, a vinda da nossa filha não foi a toa, no meu vocabulário não existe acaso ou coincidência, a Sofia veio porque tinha que vir e nos escolheu. Não creio que alguém que eu tenha me permitido ter um filho, tenha uma essência tão má, creio em desequilíbrios, em falta de amor próprio, em criação, em hábitos, o meio, enfim, creio em inúmeros fatores reversíveis, pois não somos o Criador para condenar ninguém, ainda mais o pai de um filho nosso.
Espero de coração que até o nascimento da Sofia, o dia mais importante da minha vida, tudo possa estar mais claro e que de alguma forma eu faça a melhor escolha para nós três, está tudo em minhas mãos, só que mais do que uma escolha pessoal minha ou dele, é a história de alguém que estamos escrevendo, alguém que mal conhecemos pessoalmente, mas que tenho plena certeza, que amamos mais do que a nós mesmos.
A mágoa graças a Deus está dando lugar a esperança de dias melhores para a minha Sofia.
Por mamãe.

Um comentário:

  1. Olá Juli, como vc estava dizendo aí em cima, acho que o Vitor tem todo o direito de participar desse momento. Não só como direito emocional, espiritual, ou qualquer coisa que vc queira nomear, mas Direito mesmo. Acho que não é apenas escolha sua, como vc disse, mas escolha da Sofia. É Direito dela estar ao lado da mãe e do pai, é isso que é o poder familiar, independente se vcs vivem juntos, se se dão bem, ou qlqr coisa dessas. A Sofia foi feita por vcs, mas a Lei tutela todos esses direitos. Bom, ele é Pai, tem direito ao registro como vc falou, e tem direito a exercer a paternidade dele. Acho que deve ser muito dificil, quase impossível na cabeça de alguém conseguir essa separação perfeita, entre o homem que se teve e o pai do bb, mas se vc conseguiu decidir assim, faça valer a sua vontade. Ele não é mais o seu companheiro, mas a Sofia os ligará para sempre, então uma convivência saudável é o mínimo q vcs necessitarão. No mais, adorei o template novo e a atualizadinha aqui no blog.
    Um bjo grande!

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