terça-feira, 31 de julho de 2012

Abrindo mão...

Desde que a Sofia nasceu, querendo ou não, comecei a entender um pouco mais o que era abrir mão e quem dera que fosse apenas abrir mão das minhas noites de sono, da minha paz para comer, dos meus passeios noturnos agitados e dos diurnos tranquilos sem uma penca de coisas para carregar, inclusive uma criança.
Eu HOJE, estou começando a perceber que abrir mão é muito mais que o que já se é esperado, dizer que eu sabia como era ficar 1 ano e 6 meses sem dormir como antes, claro que eu não sabia! Dizer que eu sabia como era fácil emagrecer depois de amamentar e ter passado por uma cirurgia como passei, claro que não!!! Nunca foi tão fácil ficar magra, para o meu desespero. Dizer que eu sabia que seria fácil fácil conviver sob o mesmo teto que a minha mãe, na condição de agora de mãe, claro que eu não sabia!!!
Só que sinceramente, tudo isso é nada perto do que é abrir mão das mentirinhas que a gente vive, mesmo sabendo que são mentirinhas e encarar a verdadeira realidade. Choca, dói, dói muito, machuca, a idéia é de que nunca mais vou me sentir em paz, mas o caminho de lamentações é muito longo, eu prefiro encarar, mesmo que me custe.
Explicando...Até então, logo após o retorno da cirurgia, ainda que a minha ficha não tenha caído até hoje, o que não é para menos, afinal, você ter um filho e meses depois se submeter a uma cirurgia sem saber se volta, realmente, não é nada agradável, eu achei que deveria fazer TUDO ao mesmo tempo, e o tudo engloba - faculdade, criar Sofia, planos, projetos, idéia e afins. Nada feito. 
Eu estava na mão inversa. Na minha cabeça eu achava que poderia continuar na posição de estudante, ou seja, quando alguém perguntava, ocupação, eu meio envergonhada dizia, estudante, e isso me lembra o segundo grau, receber dindin para o lanche, deixar de lanchar para comprar aquela blusa que eu tanto queria, ou seja, ser sustentada e a tira colo, ver a Sofia ser sustentada, achando que assim, eu faria TUDO, recuperaria na minha cabeça o tempo perdido.
Confuso não? Demais. Mão inversa. Eu me toquei que eu PRECISO ter autonomia perante a minha filha e as pessoas, que vida de estudante já era, já foi, a vida agora é outra e isso significou abrir mão, ainda que temporariamente, mas será desse jeito, ainda que me custe muito emocionalmente, eu juro, não consigo imaginar da onde tiro forças e esperança de imaginar que tudo vai melhorar!
Bem, a rotina com a Sofia é a seguinte - Ultimamente por conta da sinusite alérgia, nós duas não dormimos nada, muito mal mesmo! Ela tem um tosse noturno insuportável, que já dura uns 2 meses, mas nos últimos dias, está acentuada e ela desistiu do berço dela, só que dormir na minha cama que é uma cama de solteiro magro. Segundo a minha analista, compartilhar a cama pode ser sim um problema, mas no caso, ela está precisando desse aconchego e não tem porquê negar, eu estou ali, tão perto, enfim, estamos dormindo juntas, pontapés, tosses, cabeçadas, beijos e abraços, com direito de - Júú, mamãe, acóda!!! 
Então, ela costuma acordar entre 6:30 e 7:30, como largou também a mamadeira noturna, acorda com fome e pede logo um ''cuco'' (suco) e um ''bolinhú'', ou ''tinho'' (biscoitinho), levanto, dou o cafézinho dela, coloco um dvd, e ali se vão uns 40 minutos, aí o povo acorda em casa, ela brinca um pouquinho, e quando vejo, já são quase 9, hora de arrumar a mochila, dar banho, trocar a roupa, quando são 10:00, ela entra na creche e eu??? 
E eu comecei a criar mil coisas na cabeça, na vida e sem cumprir nada direito. A faculdade funcionava no período passado no horário noturno, das 18:20 às 22:40, a minha mãe pegava Sofia na creche, por volta das 18:00, e eu arrumei um curso de Design de Interiores, novapaixãoprasempre, todas as terças e as quintas, das 13:00 às 17:00, logo, mais uma vez dependendo da minha mãe para buscar e fazer dormir.
Ela chega da creche super cansada, juntando com o fato dela dormir mal, quando se aproxima das 19:00, ela já está caíndo de sono, tento levar até umas 20:00, mas nem sempre é possível. Ok, aonde entra o abrir mão? Pois é, por um momento, achei que tudo bem ficar sem trabalhar, recebendo uma mesadinha, sem ter os prazeres pessoais, mas podendo estudar, fazer curso legal, minha mãe buscando a Sofia ÀS VEZES, e outras vezes eu perdendo faculdade, provas, enfim, nessa semana tivemos uma conversa, '' '' total, eu e minha mãe, e ela não poderá mais assumir o compromisso de ficar com a Sofia para mim.
Qual a solução? Arrumar alguém que pudesse pegar a Sofia na escolinha, chegar em casa, dar um banho, dar atenção, carinho, lanche, colocar um dvd, e depois ficar de umas 19 às 22:00, vendo tv, esperando eu chegar da aula. Solução errada. Para início de conversa, eu não estou na minha casa, ela foi logo dizendo que não seria qualquer pessoa que poderia ficar aqui dentro - CLARO, inclusive porque não seria qualquer pessoa a ficar com a minha filha. E em segundo lugar, pagar como??? Pedir mais essa??? Tudo errado.
Entra o abrir mão e me custou muito, tem me custado muito, é o tal do apego, imaginar que eu preciso correr contra o tempo e que se eu não realizar todos os meus sonhos e planos AGORA, acabou para sempre. Vai um dose de paciência aqui??? Sim, por favor! Depois de uma reflexão interna forte, decidi trancar a faculdade e arrumar um emprego, entender que só assim, terei mais voz, terei mais espaço, terei mais chances de ter a minha casa, sair dessa confusão que eu vivo, só assim.
Tem me custado muito emocionalmente enxergar as verdades, a realidade, muito mesmo! Ficam um milhão de coisas na cabeça, mil pensamentos, como eu queria que tivesse sido diferente, o quanto eu não queria que tivesse sido assim comigo, mas não adianta, ficar me lamentando, chorando, vivendo empurrando com a barriga as relações, a faculdade, a Sofia, a vida, não dá! Eu quero muito voltar a sorrir com vontade!
Então o plano para o momento é esse - Trancar a faculdade inicialmente, conseguir um emprego, tendo noção que o horário ou é das 08 às 17, ou 09 às 18, que minha filha terá que ficar na creche das 7 às 7 e quando a minha mãe puder e tiver não estiver com a lua virada, ela pegará mais cedo, ficará quando ela adoecer, enfim, me machuca muito, mas ela não é a primeira, nem a última a passar por isso.
Pensando a longo prazo, perto dos 5 aninhos dela, já espero muito estar estabilizada, aliás, mais que hoje, tanto profissionalmente, quanto emocionalmente, na minha casa, um bom emprego, faculdade feita, alguém junto de mim que me apoie, que me faça feliz, que seja bom para a Sofia, que venha para construír e não destruír, já chega de perdas, capítulo a parte, eu só agora percebi o quanto perdi investindo em uma relação mentirosa e inexistente, e mais, de teor gravíssimo.
Bem...atualizando é isso. Abrindo mão...temporariamente, mas não deixa de ser isso. Por mais que me custe, eu sinto que em algum momento tudo vai fazer sentido...que Sofia vai dar valor a tudo isso, assim espero.
Rumo a um novo mundo, agora conciliando um emprego, a ída dela por mais horas na escolinha, o medo do desconhecido e ao mesmo tempo, o desejo forte de uma mudança radical, esperando colher os melhores frutos possíveis!