terça-feira, 29 de novembro de 2011

última alternativa

Ontem fui para o hospital achando que seria operada - nada feito.Desgaste a toa! Horrível! Não vejo a hora dessa angústia terminar. O plano não entrou em acordo com o hospital, fiquei mais de 15 horas sem comer e beber água, me despedi da Sofia a toa, aquela dor da saudade antecipada, ai um saco. A nova data é 05 de dezembro, às 08 da manhã. Vamos ver!
Quero tanto postar sobre a Sofia, como ela está, o comportamento dela, as novas brincadeiras, afinal, chegamos aos 10 meses de vida! As birras estão constantes, gritinhos, manha, o carinho também, as gracinhas, realmente é uma delícia desesperadora ser mãe, em todos os sentidos. Logo vou postar apenas sobre ela, tenho tantas fotos lindas para colocar aqui, principalmente dela na praia, ela AMA praia, AMA comer areia para o meu desespero rs, e eu amo que ela ame estar na praia!
Fico com tantas coisas para escrever aqui, desabafar, mas até desisto. Tem sido uma fase muito difícil mesmo, as coisas em casa estão insuportáveis de conviver, parece que não me enxergam caquiomo um ser racional, que pensa, que tem direito sobre a sua vida. Conviver com a falta de educação da Ingrid também é algo que irrita diariamente, me tira o prazer de estar em casa, são coisas tão absurdas, que mal consigo escrever!
É um pouco contraditório pois ao passo que recebo ajuda, sou cobrada por isso, mas é uma cobrança excessiva, com xingamentos, palavras agressivas, agressão, ainda escutar até hoje que sou sustentada e que sustentam a Sofia, não aguento mais! Só quero operar logo, ficar boa, conseguir um bom emprego e tirar esse peso horroroso que sinto sobre as minhas costas, fico até sem palavras para descrever.
Quero muito a minha casa, não tem como mais continuar morando aqui, convivendo com a falta de senso para tantas coisas, eu quero muito o meu espaço, a minha casa, os meus hábitos, é muito complicado criar na casa de outro, mesmo que o outro seja mãe, pai, no caso vó, avô. Fico com a cabeça a mil, tantos pensamentos juntos, porque é uma pressão muito grande.
Não estou com cabeça nem para rezar, para me conectar com as forças superiores, de tanto desgaste, mas se eu perder as esperanças, o que será de mim, dela, de nós? Li em algum lugar uma frase que me fez pensar, dizia mais ou menos o seguinte:

'você nunca sabe a força que tem, até que sua última alternativa é ser forte'

Beijos, Mamãe.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

um pouco de tudo e cirurgia

Já tentei postar um milhão de vezes, mas acho que estou tão ansiosa que não consigo me concentrar em uma tarefa só. Até mesmo com as coisinhas da Sofia, não estou conseguindo levantar antes dela, ajeitar comida, e deixei a culpa materna de lado essa semana, um dia come uma papinha da Nestlé, outro dia uma comidinha que a minha mãe faça, eu realmente não estou conseguindo organizar tudo isso na cabeça.
Hoje aconteceu uma situação muito chata, que fico até triste de detalhar. Só sei que quero ter a minha casa, não vejo a hora de ter o meu espaço, cansei dessa mesma ladainha de tanto tempo, só quero o meu espaço, a minha vida, criar a Sofia com o que eu acho certo, ou pelo menos, tentar preservá-la daquilo que eu já vi MUITO acontecer e sei que não causam bons resultados.
A minha mãe causa uma confusão mental tão grande em mim, ela tem a capacidade sempre perto de datas importantes, seja 15 anos, até mesmo o parto, agora cirurgia, de causar sempre um show tão grande, são umas coisas tão sem pé e sem cabeça, um desequilibrio tão grande, que sério, só vejo uma alternativa para não ficar surtada - passar a maior parte do tempo FORA de casa e de preferência, ter a minha em breve.
A questão é que graças a Deus, tive e tenho muita ajuda, mas quando você recebe ajuda, meio que as pessoas que estão te auxiliando, ainda mais quando se trata de pai e mãe se sentem plenamente no direito de dizer o que é MELHOR para você, só que na realidade, é o que é melhor para elas, na cabeça delas e isso desgasta demais!
Eu quero comandar, eu quero dar as rédeas, mesmo sabendo que crescer é difícil, mas creio que seja prazeroso, ainda mais quando se conquista as coisas com o próprio esforço. Não vejo a hora de chegar 2f logo! Opero na 2f, às 8 da manhã, são mais ou menos 6 horas de cirurgia,1 dia de CTI e 7 dias de quarto - depois - sentimento de liberdade.
Já estou mais conformada quanto ao 1 aninho da Sofia, vou fazer o que der, não que ela mereça qualquer coisa, mas o que acontecer com certeza será de todo o meu amor e carinho, principalmente, gratidão pela existência desse ser maravilhoso que é a minha filha.
Acho que tenho entendido que não adianta planejar tudo tintin por tintin, organizar é importante, mas planejar, aliás, seguir padrões às vezes complica mais ainda. O mais importante é viver com dignidade, hoje valorizo demais o fato de conseguir um emprego bom, os estudos, coisas que antes para mim não tinham tanto valor assim.
A vida às vezes pega de surpresa, como eu fui pega em vários sentidos e quando planejei ser mãe na minha cabeça, achei que seria mãe casada, com uma casa própria, um emprego, um salário supermaravilhosoaltodelícia, toda uma vida estruturada...e enfim, nada disso aconteceu, AINDA. Sei que é diferente quando um casal recebe um filho de forma planejada, sei que futuramente faz toda a diferença, mas eu preciso viver essa experiência da maneira como Deus quis me dar, desse jeito mesmo, sem querer querendo, e agora, ferrou, sou mãe, vamos lá!
Que Ele continue me enviando forças lá de cima, mesmo que me coloque em provas como essa por exemplo da minha saúde, que Ele continue me fazendo útil a Ele. Ele é o maior, é perfeito, maravilhoso, é o amor da minha vida = )
Minha gente, minhas mamães amadas, orem por mim! Peçam em suas orações que eu saia daquele centro cirúrgico viva, curada, quem sabe com o milagre de voltar a ouvir e mais que isso, com a mente limpa, pronta pra COMEÇAR um vida inteirinha pela frente e poder criar a minha Sofia.
Obrigada de coração à todas pelo carinho de sempre. Hoje em dia esse lance de internet acaba cortando um pouco do contato ao vivo das pessoas, não sei ainda se ( ah, acabei de receber a notícia que talvez não seja mais na 2f. O plano está dando problemas pra variar. perdi até o fim do post....o desgaste é enorme. tô de saco cheio.)

domingo, 20 de novembro de 2011

Batalha de gigantes.

Quando acho que terei alguns dias de trégua, nada feito, alguém tem testado os meus limites ou a palavra chave que todos amam - CULPA, ou a culpa é toda minha? Não sei se vou conseguir detalhar em palavras tudo o que acontece, mas vou tentar, é o meu momento de desabafar. Antes, quero agradecer do fundo do meu coração a todas às mamães amadas, pelas palavras de apoio. Em especial, minhas queridas, Flávia e Manu - lembrem-se SEMPRE que estou na torcida por vocês também! Vocês são muito especiais para mim, apesar da ''distância'', é incrível como vocês conseguem ser tão próximas! Obrigada = )
Eu falava de trégua, de paz, bandeira branca, mas parece que a batalha entre a minha família e o Vitor não tem fim nunca. Será questões de outras vidas, gente? Sério, já começo a achar isso! Hoje meu pai veio nos trazer em casa, até tive um domingo legal, levei Sofia a praia, nós nos molhamos, ela adora o mar, parece até que já conhecia desde...comeu muita areia rs pra variar, enfim, foi uma manhã gostosa, depois meu pai fez churrasco, tivemos um dia família legal.
Ele veio nos trazer e aconteceu a maior confusão do mundo, coisa de você não acreditar que aquilo estava acontecendo! Ele confundiu o irmão do Vitor com o próprio, os dois realmente são muito parecidos, tiveram a maior discussão no meio da rua, quase se agrediram, uma coisa sem freio, que já vem desde a confusão de agosto, horrorosa entre meu pai e o Vitor, não gosto nem de lembrar!
Tudo isso começou na maternidade, quando a Sofia nasceu, o Vitor foi agradecer ao meu pai tudo o que ele estava me proporcionando e de uma certa forma, a ele também, a nossa filha, o quanto ele era grato, enfim, foi tentar ser cordial, e levou uma sova do meu pai, das grandes, o meu pai já estava meio de saco cheio dele, por conta de umas confusões durante a minha gestação, e aí já viu, aquilo ali ficou guardado, entalado, até que em agosto eles tiveram um encontro e foi terrível, uma briga sem fim, xingamentos, o Vitor falou coisas horríveis, meio que revidou tudo o que ouviu, enfim, uma coisa horrível de se ver na família, afinal de contas, eles não se deram conta que hoje as nossas famílias tem um forte vínculo chamado Sofia, um elo que nos liga querendo ou não.
Sei que hoje ficou aquela promessa de ambos de que quando se encontrarem não tem nem conversa, é um ódio gente, que dói de ouvir e ver, me machuca porque eu sou culpada por tudo isso, meu pai dizendo com que tipo de gente eu tinha me envolvido, o Vitor do outro lado dizendo que eu não merecia passar por mais esse stress logo agora tão perto da cirurgia. Percebo a família dele apesar de me tratarem com carinho, mas claro, ficam chateados com tudo isso. A minha, me culpa por isso e eu fico perdida, totalmente perdida!
Não consigo traçar uma linha sequer de raciocínio, do tipo, ah, é melhor então a gente não ter contato algum, vivermos longe um do outro, e assim, posso ter todo o apoio da minha família, uma vez que já me foi dito que a partir do momento que eu envolva ele na minha vida, já era todo e qualquer apoio a mim e a Sofia. Ou eu penso, não, eu preciso crescer, encarar a vida, as minhas escolhas, ele é o pai da Sofia, certo, errado, preto, branco, duro, rico, fazendo merda ou não, é o pai dela, eu gosto dele, tenho vontade de fazer dar certo, então, vamos unir nossas forças e vamos lá, viver a nossa vida.
E é nessa hora que entram um milhão de neuras instaladas na minha cabeça, e se não der certo, e se, e se, e se, como vou fazer, e se eu perder todo o apoio deles, e se depois vou para onde, e se isso, mas ao mesmo tempo, e se eu perder a chance de formar uma família, é um direito meu, dele e da Sofia, certo? Sem ele me foi prometido, emprego, creche, até apartamento, com uma pessoa para ajudar, sem falar na presença dos meus familiares claro, com ele, nada feito, e acho até que me deserdam. Não sei até que tipo de relação vão ter com a Sofia, é justo isso com ela também?
Será que eu tive um filho com um monstro e não sei, ou será que está faltando uma palavrinha chave chamada PERDÃO e mais uma - VOTO DE CONFIANÇA, RECOMEÇAR. São muitos questionamentos para uma pessoa só! Eu sei que se quiser carregar a mim e a ele, vamos afundar, mas ao mesmo tempo, quero ter a minha vida, chegar na minha casa, educar a Sofia da maneira que eu acho, sair da barra da saia e da calça, mas será que preciso perder todo e qualquer apoio por isso? Por ser ele?
Gente, é um ódio sem fim. Detesto essa palavra inclusive, mas é ela que me vem a cabeça quando falo neles. Por um lado vejo um cara carinhoso, que me ama, eu sei que ama, verdade a gente sente, tem seus defeitos, tem sim e muitos, por outro vejo a minha família achando que eu pirei, estou louca, fora de si, como posso ir de encontro a eles, e não é assim, a diferença é que HOJE, eu sou MÃE! Eles me questionam tanto que tipo de respeito eu ainda tenho por ele, se ele não ajuda em nada, se ele isso, aquilo, eu até entendo os meus pais, eu juro que entendo, mas será que principalmente a minha mãe, como mãe, mulher, não consegue entender que há sentimento, que tudo mudou muito rápido, que não consigo ainda diferenciar as figuras?
Hoje o panorama é um: Todo mundo com mágoa de todo mundo, todo mundo enfurecido, triste, culpando o outro. Às vezes tenho vontade de sumir. Fugir mesmo, de verdade, sem drama de adolescente. Mas às vezes tento achar a culpa que eles dizem ser minha, tento achar a culpa da minha escolha, mas que escolha? Dele ser o pai ou de ter tido um filho? Não foi escolha. Foi uma certeza desde o dia em que soube que ela estava ali, apenas com 8 semanas de vida, dentro de mim, que eu a teria, e eu faria tudo novamente para tê-la.
Será que eu assumi mesmo esse papel da filha de pais separados, que vive em conflito com eles, que engravidou de um cara não aceito pela família, com suas dívidas com si mesmo e com a sociedade, mas um cara que a cativou, será que ele tem imensa capacidade de a envolver com seus sonhos e planos mirabolantes, ou será só uma fase ruim da vida deles e no final, será o happy end? Não sei, eu juro que não! Apesar da história ser minha, me parece tão distante que mal posso conseguir compreender.
Por issoque eu digo que preciso urgente de uma terapia. Meu pai disse bem, a depressão é seguida da angústia, e da angústia vem a vontade de não viver mais, quando você começa a achar que morrer poderia ajudar a curar aquela dor, é sinal de quem o ponto auge chegou e eu já pensei nisso várias e várias vezes! Eu preciso de uma pessoa para me ouvir, de repente, nem depressiva estou, só estou precisando de um caminho, uma ocupação, quem sabe!
Opero em uma semana apenas, em uma semana vou abrir a minha cabeça, tirar um tumor, ficar alguns dias longe da minha filha, em alguns dias esse medo terrível vai embora de vez, e acho que vou sentir que nasci novamente. Os meus pais tem a forte convicção de que o recado que está me sendo transmitido é: oh, sai fora disso aêê! quem pode garantir? Quero que com esse tumor, saiam as mágoas, as tristezas, as angústias, as dores de dentro de mim. Que após toda essa tempestade eu consiga finalmente entrar em equilibrio comigo mesma, para tomar as decisões mais acertadas para o momento.
Ah, Flávia, super concordo quando você diz que devo conversar com a Sofia. Ela tem me visto chorar demais e fica com uma carinha de espanto, depois dá um sorrisinho do tipo, tô aqui manhê, não chora não! Meu coração dói demais, parte, machuca, fica em pedacinhos. Vou fazer o que você falou sim. Vou contar tudinho para ela.
Um beijo e obrigada!
Chega, hora de tentar dormir.

sábado, 19 de novembro de 2011

Depressão é caso sério.

Ontem eu tive mais uma crise daquelas horrorosas, desesperadora e tive vontade mais uma vez de não viver mais. Eu preciso de uma terapia, tem horas que nós não conseguimos mais controlar os pensamentos negativos, a sua vida vira um não, e tudo parece ter um muro de concreto enorme na frente.
Foi horrível. Mais uma vez andei pela rua sem rumo, senti vontade de ficar no meio dela esperando um carro vir, horrível, fico sem controle dos meus pensamentos, mais uma vez saí de casa sem chão...não quero nem lembrar! Pedi que me ajudem, me paguem uma terapia, porque estou no meu limite do stress, tudo me tira do sério, até a Sofia, não tenho mais a paciência de antes. Tenho sentido medo da cirurgia, medo de morrer, de não cuidar da Sofia...em apenas dois parágrafos eu escrevi NÃO, deixa eu ver, sei lá, mas muitas vezes! Essa não sou eu.
Por conta de tantos desentendimentos do Vitor com a minha família, todos acham que o motivo é ele, ele por sua vez, chorou tanto ontem, também está muito triste com o meu estado, acredito que ele também sofra pessão dentro dele, cobranças dele com ele mesmo, coisas que são difíceis às vezes de explicar, eu acho que entendo, como acho que entendo a minha família.
Agora o que mais me importa é sair dessa depressão que eu entrei. Gente, é impressionante, a vida vira de cabeça para baixo e tudo parece perdido, sem luz, a gente fica sem chão, com a cabeça totalmente perdida, por isso eu quero começar o quanto antes uma terapia, um profissional que possa me ouvir, uma pessoa totalmente fora desse ciclo, capaz de diagnosticar distúrbios, mentiras, verdades mentirosas, ou mentiras verdadeiras, alguém que possa me ajudar a enxergar pelo menos UMA solução.
Fico com a cabeça muito confusa, é um monte de gente falando um monte de coisas, horas eu acho que um está certo, horas acho que o outro está, aí muda tudo, aí brigo, esqueço, peço desculpas, depois muda tudo novamente, eu perdi o foco totalmente. Sempre fui uma pessoa pra cima, otimista, mas acreditem, a depressão é algo sério, tem que ser tratada, e às vezes a pessoa não consegue sair dela sozinha, tem sido o meu caso, eu até tento pensar diferente, mas os pensamentos negativos vêm com força, e aí acabo me desesperando, é horrível, não desejo à ninguém.
Hoje, de verdade, não consigo enxergar ainda uma porta se abrindo, parece que tudo o que antes eu agradecia a Deus, tudo o que era importante, hoje não tem mais sentido algum. Mas sempre que der vou tentar controlar a minha mente.
Só mais um detalhe - Estamos aqui no meu pai. De manhã coloquei a Sofia no carrinho e fomos caminhar na praia. Ela foi fazendo um escândalo do prédio, até a praia, chorando horrores, de birra, manha, de ficar vermelha, tira do carrinho, coloca, faz força contra, horrível! Estou tão nervosa, que tive vontade de sair correndo, pedir alguém pra me ajudar. Aí vem os mil pensamentos...sozinha não dá! E ao mesmo tempo eu me culpo por sentir isso. Eu prefiro ser uma boa mãe mesmo que em uma parte do dia, do que dizer, ah, eu cuido o dia todo, e ser uma mãe estressada, nervosa, impaciente! As mães que sentem isso, não tenham vergonha de assumir. Por mais que a gente saiba que é normal, que basta um sorriso sem dente para nos alegrar e fazer esquecer a vontade de sair correndo, mesmo assim, a culpa é um sentimento terrível, e que quando você tem outros problemas, tudo fica maior, parece que a potência triplica!
Hoje para eu me sentir em paz, acho que o necessário seria - ver o Vitor trabalhando, assumindo junto comigo as responsabilidades com a Sofia, ver a minha família e ele pelo menos se respeitando, eu trabalhando, voltando a estudar, Sofia em uma creche boa, a gente conseguindo se estruturar, montar a nossa família e esquecer que um dia passamos por tudo isso, todos nós. Eu sei que foi uma escolha, em todos os sentidos, mas as cobranças estão sendo muito fortes, tanto as externas, quanto as internas. Eu preciso de um psicólogo, sozinha não consigo.


quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A conclusão.

Acabou que o blog tem sido ultimamente mais páginas da minha vida, do que da Sofia propriamente dito, mas é aqui que eu consigo aliviar as minhas tensões, pode acreditar. Cheguei a uma conclusão muito clara na minha cabeça: Estou depressiva e tem tempo. Depois então que descobri esse tumor, NEM SE FALA. Desde familiares, passando pelo Vitor, amigas, vizinhos, comentam o quanto eu ando diferente, emburrada, nervosa e realmente, cada pessoa que me diz isso, eu páro e penso o quanto estou realmente uma pilha de nervos, sem rumo, com a cabeça totalmente perdida, só choro o dia todo e ontem, em uma conversa muito franca com o Vitor ele me chamou a atenção quando disse: " Não te vejo mais sorrir! Será que nem o nascimento da Sofia te fez feliz ?! Ou será que sou eu quem te faço tão mal??? ''
Sério, estou tendo total consciência de que o problema não está com ele, está COMIGO! Não está com a minha mãe, ou com a Ingrid, meu pai, avós, está COMIGO! Estou extremamente nervosa, não consigo canalizar isso, e acabo descarregando nas pessoas ao meu redor, e não tenho poupado ninguém, principalmente os que mais convivem comigo - Mãe, Ingrid, Sofia e Vitor.
Percebi o quanto estou sendo injusta com as pessoas que querem o meu bem, mas que elas também possam tentar compreender o caminho que estou atravessando, tem sido tortuoso, e às vezes todo o otimismo vai embora, e a gente só consegue enxergar um palmo a frente, esquece que tem o horizonte, que há luz no final do túnel e que a nossa hora há de chegar.
De fato, creio que a gravidez surpresa, toda a barra que eu atravessei em casa, com o relacionamento, toda a mudança repentina de vida, sem esperar, acho que tudo está refletindo aos poucos, agora a fase com a saúde, enfim...é MUITA coisa ao mesmo tempo. Na minha Igreja o ensinamento é que quando a gente purifica nos três setores da nossa vida - CONFLITO , SAÚDE, FINANCEIRO é sinal de que após essa intensa purificação coisas maravilhosas vão chegar. Creio que temos que estar em conexão com Deus, é claro, pensamento para cima, positivo e no momento...ih, tá brabo.
Eu quero muito ter a minha casa, minha família, poder viver uma vida normal como qualquer pessoa que tem um filho, ter meu emprego, minha faculdade, poder amparar a Sofia, poder superar esses conflitos com o Vitor, poder vê-lo crescer como pessoa, ter a nossa religião, passear...óbvio que os conflitos vão existir, mas sem esse peso todo, esse desespero, essa quebração de pau sem fim, gritaria, xingamento, meu Deus...
Sofia, Vitor, meus pais, avós, os poucos e valiosos amigos...Obrigada por estarem me aguentando nessa fase tão delicada e dolorida da minha vida. Que as forças positivas possam chegar até a mim e que eu possa sair dessa depressão terrível que entrei.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

caminhando...

Eu realmente estou uma pilha de nervos com tudo o que está acontecendo ao meu redor e creio sinceramente que depois que eu acordar da cirurgia, perceber que está tudo ok, sério, 90% do meu desgaste vai embora ali, na hora, a jato! Mas a partir desse momento virão outras situações que vou precisar encarar de frente, firme e ao contrário do que o meu pai costuma dizer, não acho que serão situações muito piores, pelo contrário, acho que será o momento de começar a concretizar os meus planos.
Entendo perfeitamente e como sou grata, ou pelo menos, tento ser, imagino que eu seja, por ter o apoio da minha família desde sempre, apoio emocional e financeiro, mas isso implica nas pessoas acharem que tem o total direito de especular, planejar a MINHA vida e isso é um desgaste muito grande para mim! É uma sinuca de bico o fato de depender para criar um filho, e sinceramente, não vejo a hora de tudo chegar ao fim.
Devo levantar as mãos para o céu por ter uma família preocupada com nós duas, acho que sem eles eu não seria ninguém, principalmente desde o momento da minha gravidez, mas tem certas horas que eu preciso engolir uns sapos que não é brincadeira não! Quero muito que tudo isso passe logo e que eu possa finalmente movimentar a minha vida.
Acho que Deus tem um propósito para tudo em nossas vidas. Fico lembrando de coisas que não dei valor na minha vida, não por m al, mas pela época, pela imaturidade normal da idade, enfim, quantos empregos eu tive e despensei, a própria faculdade, e hoje, todo esse lado profissional se encontra estagnado, mas não por mais tempo, graças a Deus, é acabar de cuidar da saúde e bola para frente!
2012 será um ano especial. A idéia que eu tenho e sinto é que 2012 será o ano de plantar, para colher nos próximos anos. É como ajeitar todo o terreno, preparar, começar a construír com calma, para nos anos seguintes, finalmente colher a calmaria. Os projetos são grandiosos e sinceramente, sendo bem consciente e não sendo ingrata de forma alguma, quero muito conseguir criar a Sofia por mim mesma. Sei que ajuda é necessária, mas acho que não é essencial, do tipo, sem ela não vivo, aliás, preciso pensar que eu sou o centro, eu sou o topo, e de mim a Sofia se sustenta, sobrevive.
E assim, lá vamos nós.
Filha, te amo demais. É maravilhoso entrar no quarto e te ver dormindo, ainda tão pequenina, no bercinho! Te amo muito, muito, muito...Obrigada por ter me escolhido com sua mãe, amiga, protetora.
Beijos com amor, Mamãe.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

escrever, escrever e escrever

Quantas vezes for preciso escrever para fazer passar o aperto que está no meu peito, eu vou escrever, afinal, o blog é meu e me dou melhor com as palavras quando elas estão escritas. Então, vamos lá - que aperto enorme! Eu fico vendo certas atitudes de determinadas pessoas, fico achando tudo tão vazio, tão sem sentido.São atitudes tão pequenas, acho que realmente estou em outra fase da vida de alguém, não só pelo fato de ter me tornado mãe, mas pelo o momento da minha saúde, a vida profissional, sentimental, está tudo tão fora do lugar!
Parece que o meu presente, virou totalmente passado, que tudo aquilo que fazia parte, ficou para trás, ou que eu não faço mais parte daquilo ali, que agora a realidade é uma bem diferente daquela e por isso às vezes me sinto tão impaciente com algumas situações que preciso bater de frente.
Estou vivendo um dia após o outro e pra quem vive uma relação conturbada é assim que se fala mesmo, tipo um grupo de auto ajuda, é um dia após o outro, livre por 24 hrs, e assim vamos caminhando, limpa, apesar da dor que eu sinto. É inevitável pensar no assunto, especular como e quando as coisas vão ou não se acertar, é ter a convicção que não é tão difícil assim quando a gente tem paciência, quando a gente suporta a dor e perceber que um dia vai passar, mas é ao mesmo tempo contraditório, o medo de que passe.
Sinto muito por tudo e ao mesmo tempo sinto que realmente o melhor caminho é seguir sozinha, tentar pensar que depois dessa tempestade gigante que a minha vida se tornou, há de vir dias de sol, que eu vou voltar a sorrir novamente, que tudo vai se encaixar nos seus devidos lugares.
A dor é muito grande. Não vejo a hora de chegar o dia da cirurgia, de acordar depois dela e ver a minha filha, os meus familiares e saber que chegou ao fim esse desgaste e que dias novos virão. Apesar da incerteza quanto a festinha de um ano da Sofia, estou tentando pensar que serão muitos e muitos anos, que se Deus quiser, vou pode organizar com todo o amor do mundo muitas festinhas ainda dela!
Espero que essa terapia de um dia após o outro me ajude a encarar a ausência, me ajude a suportar as minhas angustias, as minhas dores, e que depois de tudo isso, eu possa ter meus dias de sol novamente, afinal, eu MEREÇO!
Boa noite.
Mamãe.

domingo, 13 de novembro de 2011

Peixe fora d'água - a mamãe na night.

Totalizando a gravidez inteira, mais os quase 10 meses da Sofia, ontem deve ter sido a terceira vez que saí a noite e sinceramente, como tudo é diferente, ou pelo menos, está diferente. A começar em casa, os preparativos, é tão engraçado, me arrumar com a Sofia no quarto, me olhando, tirando tudo do lugar...cada vez mais a minha ficha cai - mamãe = )
Eu estou meio um peixe fora d'água dessa vida noturna, de madrugada, não tenho mais aquela paciência de antes, lugares cheios, muita bebida, não tenho mesmo! E das poucas vezes que coloquei o pé na rua, não dei muita sorte, lugares muito vazios, ou pessoas esquisitas, sei lá, está tudo diferente, ou eu é quem estou diferente, afinal de contas, eu realmente subi um degrau grande na vida, me tornei mãe.
Tenho hora para chegar, quando saio dá um vázio dentro de mim, parece que está faltando algo, é muito diferente! Sem contar que a teoria de que quando você começa a achar as pessoas ao seu redor muito novas, é sinal que....é a idade está chegando rs! Nossa, como tem gente nova na rua! Lá com os seus 16, 17, 18 anos, é minha gente....
Brincadeiras a parte, estou apenas relatando como é diferente depois que me tornei mãe da Sofia a vida social, acho inclusive que é questão de ajuste mesmo, até porque ela é muito novinha ainda, acredito que quando ela tiver lá os seus 2, 3 aninhos as coisas já vão estar mais certinhas, até mesmo dentro de mim.
Sinto muita falta do Vitor, por mais incrível que pareça, eu sinto. É sentir falta de alguma coisa que você nunca teve de verdade, afinal, nunca passeamos juntos, só nós dois, e eu cheguei a conclusão que eu nunca tive o Vitor, eu achei que tivesse tido porque encasquetei com isso e já era! Mas estou confiante de que dessa vez é definitivo e que apesar da dor que eu sinto, do sentimento de vazio, com certeza a minha vida sem ele é melhor, espero retomá-la o quanto antes.
Sei que semana que vêm tem O SHOW - Raiz do Sana! Mamãe quer ir, acho que será bem legal.
Beijos, Sofia me chama, ou melhor, me grita!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Sofia, hoje é para você.

Filha,
Hoje o post é dedicado somente a você, não que os outros não sejam, mas hoje é seu, como se eu pudesse te imaginar com a minha idade, nós duas sentadas na praia, vendo o sol indo embora, tomando uma água de côco e eu te contando como era há 25 anos atás...
Sofia, anteontem, segurei na sua mão quando senti medo, você estava dormindo e eu me senti tão só, te olhei várias vezes até que não resisti, e o papel se inverteu, eu senti medo, e eu te solicitei, segurei firme na sua mãozinha e só assim consegui dormir.
Não quero ficar te contando história triste, mas são histórias que tem feito parte dos meus dias desde quando conheci seu pai. Desde então todos os dias tem sido diferentes do que eram os meus dias antes da chegada dele na minha vida. Sinceramente filha, não culpo seu pai por ser da maneira que é, a ele faltou limites, imposições, mas também não julgo seus avós por isso, feliz ou infelizmente, os filhos não saem com manual de instruções da maternidade.
Tem sido uma luta Sofia sentir o que eu sinto pelo seu pai. É como amar e ao mesmo tempo, relutar quanto a esse sentimento, é brigar comigo internamente o tempo inteiro, é como viver de mentirinha. Acho que idealizei o tempo todo uma pessoa que nunca existiu, e como isso me matou todos os dias um pouquinho. Meus amigos se afastaram, seus avós ficam tão tristes com tudo isso, e tudo ao redor parece totalmente sem sentido filha.
Queria tanto Sofia que ele tivesse aproveitado essa chance que Deus deu de se tornar uma pessoa modificada e para melhor! Torci pelo seu pai como NUNCA torci por ninguém, acredite. Sinceramente, acho que nunca quis tanto a felicidade de alguém como eu quis a dele. Mas simplesmente tem amores que são impossíveis.
Ele me faz sofrer demais, me leva ao meu limite, ao meu extremo, não tem sido meu companheiro nessa etapa tão delicada com a minha saúde, é extremamente agressivo nas atitutdes e palavras quando se descontrola...somos tão diferentes filha! Às vezes tenho tanto medo de nunca mais resgastar a Juliana que ele matou, não é drama Sofia, é a minha dor.
Não consigo ainda separar o homem, do pai, aliás não sei nem se algum dia isso será possível, pois a presença dele em nossas vidas, de qualquer jeito, será eterna. Sempre será o seu pai e o pai da minha primeira filha, da minha Sofia. Ficam mil coisas na minha cabeça, mil situações futuras, ainda não consigo enxergar um palmo a minha frente. Tento me organizar, pensar que depois que a saúde estiver ok, pensar em um emprego, em estudar, organizar a sua vida, e finalmente, voltar a ser eu mesma, mas não sei se consigo tudo isso, mas sei que preciso conseguir por nós duas, principalmente por você.
Eu só quero que você saiba que a sua história não é fragmentada. Que você tem um pai e uma mãe que te amam muito, mas que filha, eu não sou feliz da maneira como o seu pai é. Não estou tendo apoio algum dele nessa fase que estou passando, tenho tido crises e mais crises nervosas, de chegar ao ponto, de não ter vontade de continuar a caminhada, e só tenho força por você.
Não sei como serão nossos dias daqui para frente, muito menos posso dizer sem ele, porque na realidade, somos só nós duas desde o começo. Eu criei uma realidade para provar pro mundo que não fui mãe solteira, que por mais que as coisas tenham se antecipado, o pai ali está e mentira Sofia, não está agora, nem nunca esteve. Ele te ama demais, te quis muito, mas não despertou para o que é construír uma família, é amar, é cuidar, é RESPEITAR e nada disso acontece.
Sofia, eu desejo minha filha, que Deus envie um rapaz maravilhoso quando for a sua hora. Que ele te faça feliz, que você o faça feliz, que nada do que eu passei e estou passando, você precise passar. Que vocês possam crescer juntos, ter seus filhos, sua família...minha filha, vou estar ao seu lado por toda a sua vida e em outras.
Me desculpa todo o nervosismo, o desespero. Preciso superar o seu pai na minha vida Sofia, preciso pular esse degrau e subir tantos outros. Me envie forças com o teu amor puro e inocente.
Te amo mais que a eternidade. O seu olhar é o mais puro do mundo.
Mamãe.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O DESGASTE DA DOENÇA

O desgaste emocional de quando se tem algo que a gente considera um problema, é enorme, imagina quando esse problema é de saúde? A 'doença' tem estágios no quesito desgaste. Primeiro tem a fase da aceitação, e eu já pude reparar que comigo funciona da seguinte maneira: Primeiro eu levo um choque tão grande, que ajo naturalmente, como se estivesse tudo ok, nada demais, vamos lá, ainda me 'desfaço' da reação das pessoas. Foi exatamente assim quando descobri que estava grávida, achei tudo muito natural nos primeiros dias, dava risada, enfim, eu estava extremamente chocada.
Passada a fase da aceitação, vêm o desespero. Normal. E eu me desesperei por conta do tumor nas duas primeiras noites depois da descoberta. Chorei, tive muito medo de morrer, imaginei todo o procedimento cirúrgico, me imaginei com mil sequelas, boca torta, terrrível. Mas como não há mal que dure para sempre, essa fase também passa e passou.
Logo em seguida vêm a fase da fé, fé em TUDO, eu disse TUDO E TODOS. Eu fiz questão de buscar o apoio das pessoas, e não só das mais próximas não, falei mesmo pra todo mundo, até para os motoristas dos táxis em que eu andava para fazer os exames, ou algo do tipo, estava eu contando a minha história e do tumor. E nesse momento, recebi um carinho enorme, não só da minha religião, como de tantas outras. Me agarrei em TUDO. Bebi água sagrada, passei pomada de tenda cristã na cabeça, recebi três horas seguidas de Johrei todos os dias, li a Bíblia, rezei pra entidades espirituais, fiz operação espiritual, literalmente, me fortaleci.
Após a fase do fortalecimento espiritual, vêm o desgaste MÁXIMO e é a fase onde me encontro. Completamente de SACO CHEIO DE QUALQUER COISA QUE ME LEMBRE QUE TENHO UM TUMOR NA CABEÇA, OU SEJA TUDO E TODOS. As pessoas me olham e acham que se não perguntarem como estou, e os exames, vão estar sendo mal educadas, meu pai fala disso toda vez que me liga, minha mãe já leva para o lado espiritual da coisa e toda vez que eu menciono em ligar para o meu médico, ela quase entra em pânico, pois isso significa marcar a cirurgia.( aliás, marcamos hoje para o dia 28 de novembro. )
Estou completamente desgastada. Em especial a minha mãe, a Ingrid e o Vitor que mais convivem comigo, ah, sem deixar a Sofia de fora, eles tem tido uma paciência fora do comum, apesar de vira e mexe o tapa correr, eu estou realmente um saco. Impaciente, sensível, carente, irritada, mau humorada, e com um sentimento que eu DETESTO MUITO -SOLIDÃO.
Quando a Sofia está dormindo apesar do meu cansaço, praticamente conto os minutos para ela acordar e me ocupar, me fazer reclamar que estou com fome, com sede, vontade de fazer xixi e ela não deixa porque só quer o que não pode e blá blá blá. É olhar a agenda o celular, procurar uma amiga para ligar e não ter, pelo fato de todas as amigas estarem em outra fase da vida, sem contar que nenhuma delas graças a Deus está passando por nada semelhante, ou seja, acabo concentrando tudo no Vitor, e por isso tantas brigas ultimamente.
Confesso que estou até longe da minha religião, não tenho rezado, fui arrastada ao Culto de Antepassados, sem saco, sem vontade de receber Johrei, vou ser super sincera e tenho certeza que Deus não está encarando isso como ingratidão da minha parte, mas duvidei da cirurgia espiritual, depois de saber que está tudo na mesma, pensei, recebi johrei três horas do meu dia, com a bunda doendo, e nada! Questionamentos que passam SIM na cabeça e que eu estaria sendo muito mentirosa se não contasse aqui, afinal aqui, eu só conto o que eu sinto mesmo, sem ficar de rodeios.
Então estou nesse estágio da 'doença', cansada, de saco cheio, sem saco para terminar os exames, sem paciência com a Sofia, às vezes acho que vou segurar ela com toda a força do mundo e gritar: PÁRAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! Em outras, peço que ela me entenda, pois estou muito nervosa e simplesmente, por ela, só por ela, se bem que por mim também, fico com um milhão de projetos na cabeça, trabalho, faculdade, minha casa, minha vida, parece que tudo ficou ali, em algum lugar perdido, ou que eu nada construí e agora tendo que vencer essa barreira, tudo parece tão distante, achei que seria tão diferente...
É muito delicado. O sentimento de solidão invade toda hora e é horrível. Eu chego a sentir aquele vazio literalmente no peito. Acabo cobrando do Vitor, mas ele tem a vida dele, os hábitos dele, a maneira dele de ser, preciso entender que a fonte salvadora não é ele, não é Sofia, nem meus pais, sou eu mesma, só eu posso controlar a minha mente, os meus pensamentos e me salvar.
Não gostaria que ninguém passasse por esse tipo de coisa, muito menos mamães recém, é tudo tão novo nessa época, o primeiro ano do bebê, e ter que enfrentar tudo isso se tratando de uma gravidez surpresa, com uma doença para curar, que me deixou já uma sequela, a surdez, ter que se agarrar em tudo o que se vê pela frente para ter força, ter fé, não perder a esperança de que ano que vêm, finalmente, será TUDO DIFERENTE.
Assim seja e assim SERÁ.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Paquetá.

Hoje o post tem cheirinho de infância e gostinho de lembrança - ILHA DE PAQUETÁ! Essa aí ao lado, que saudades!
Essa noite revivi sensações deliciosas na minha cabeça, lembrando das minhas férias em Paquetá quando criança. A noite que antecedia o GRANDE DIA, eu mal dormia, era uma ansiedade tão grande, mas tão grande que por mim não era preciso nem dormir!
A minha tia na época, trabalhava na antiga loja MESBLA, famosa aqui no nosso bairro, aliás, no Rio de Janeiro, vendia de tudo, tipo uma Lojas Americanas, um Wallmart, e em Paquetá funcionava nada mais, nada menos, que uma Colônia de Férias para funcionários e seus familiares. Todas as férias, feriados grandes, estávamos lá, eu, Mariana, minha prima, minha vó e meu avô - que saudade!
Me avô, assim como eu, gosta muito desse cheirinho de mato, de praia, vidinha rústica mesmo, então a nossa ansiedade era a mesma, chegar logo em Paquetá. Geralmente eu dormia na casa deles, acordávamos bem cedinho e antes das 7 da manhã, já estávamos na porta da vila da Mariana para embarcarmos logo!
O trajeto que fazíamos era do Méier, até a Praça XV, da onde saíam as barcas. Meu avô adorava o passeio da barca, levava mais ou menos, 1h e 30 e isso para duas crianças super ansiosas era o FIM DO MUNDO! Praticamente 2 horas vendo água, água e água!!! Na época, tinha a opção do catamarã ou aerobarco, o trajeto era reduzido em apenas 20 minutinhos rs, mas o preço era maior e nada como apreciar a paisagem com o meu avô rs. #controleaansiedade
Me lembro que no saguão de espera das barcas, ficava tudo muito cheio, eram muitas famílias, crianças, idosos, jovens, era dia de PAQUETÁ, e nós ficávamos ali colocadas na corrente enferrujada que nos separava da barca, ansiosas, e quando a barca chegava, começávamos a pular, gritar, meu avô junto, era uma felicidade só! Quando o rapaz soltava aquela corrente - CORRE para pegar um bom lugar na barca!!! Adorávamos ir no segundo andar, ou na varanda, como o meu avô dizia, sentindo a brisa e a minha vó, nos mandando vestir casacos, tocas, luvas...
Quase chegando no desembarque, nós passávamos pela Colônia de Férias, até hoje tem um farol em frente, era um ponto que sabíamos que restavam apenas 15 minutinhos, depois das longas e intermináveis 1h e 15 minutos naquela barca. A primeira visão era essa, logo em seguida, as pessoas já começavam a se levantar, arrumando suas malas, e lá vamos nós!
CHEGAMOS! Charretes táxis, bicicletinhas, cheiro de cocô de cavalo, pipoqueiro na praça, feirinha, mercadinho, hotel, casa do bicheiro, casa enorme com cachorros muito muito grandes, iate club, pedra bonita, ponto de pesca, parquinho, FAROL, CHEGAMOS!
Ai...impossível descrever a sensação de chegar! Piscina, crianças, feijão do Tião, refeitório, picolé de limão, sol, histórias de pescador, bicicleta, parque Dark de Matos, praia da moreninha, tardes de ventinho batendo no rosto, andar descalça, ter a sensação de liberdade pois não tem carro, história de terror na praça, volei, futebol, vara de pescar, ver meu avô tomando cervejinha feliz da vida, sala de tv, bambuzal do quartos, férias, feriados, Natal, Ano Novo...
Tinham épocas de ficármos 1 mês em Paquetá, ao ponto dos meus pais irem me visitar. Saudades, saudades e muitas saudades. Poderia ficar aqui até amanhã contando histórias da minha infância em Paquetá. Por essas e tantas outras, por todo esse carinho pela ilha, pela saudade, pela minha infância, que NESSE SÁBADO, fazendo sol, levarei a minha Sofia lá = ) Quero que ela aprecie a ilha como eu, respeite aquele pedacinho do céu tão perto dessa loucura que é o Rio de Janeiro...
Quero andar com ela de bicicleta, levá-la no farol, andar de trenzinho, sentar na pedra....
Ah, quando dava o dia de ir embora, era um chororô tremendo, tanto nosso, como dos funcionários da colônia. A barca voltava cheia, e todos os funcionários íam até o farol, o colocavam para tocar, acenavam de lá, nós da barca, a barca respondia com aquela buzina, e era o fim das férias e a chegada da saudade e da ansiedade do dia de voltar.
Chorei.
Beijos, Mamãe.